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Avaliação de Risco

 

Vias de Exposição a Microcistinas

Atividades recreativas (ex: piscinas, lagos) [2]

 

É a forma mais comum de contaminação. Qualquer contacto com água contaminada, nomeadamente em desportos que envolvam submersão da cabeça acabam por levar a alguma ingestão, bem como zonas costeiras em que possa haver alguma transmissão através de aerossóis. 

 

Intoxicações agudas e mortais parecem ser improváveis. Mas o valor máximo permitido de ingestão diária de Microcistina-LR (0,04 µg/kg)  é facilmente ultrapassado nas atividades de lazer. 

 

Segundo um estudo realizado no rio Havel, em Berlim, por Chorus and Fastner (2001), durante um pico de concentração de microcistinas, metade das 28 amostras analisadas continham uma concentração de mais de 100µg/L destas toxinas (4 amostras continham mais de 1000 µg/L e duas mais de 10 000  µg/L). Valores semelhantes foram registados em 25% de 155 lagos do sudoeste da Alemanha que foram analisados.

 

Relatos de toxicidade por exposição a água contaminada.

As toxinas, como as microcistinas, são libertadas das cianobactérias quando estas morrem ou são destruídas no estômago ou após tratamento de águas (eutrofização das águas aumenta a concentração destas toxinas). A principal fonte de exposição de microcistinas é a água. [11]

A entrada no organismo das microcistinas não parece ocorrer através da pele, mas sim por ingestão ou inalação de água. [2]

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) o máximo permitido de ingestão diária de Microcistina-LR é de 0,04 µg/kg (valor provisório, uma vez que são necessários estudos a longo prazo para avaliação da toxicidade e carcinogenicidade). [2]

 

Em Portugal este valor máximo corresponde a 1 µg/L [12]

 

exposição da população a estas toxinas pode ocorrer de diversas formas:

Exposição através de água de consumo [2]

 

Se não houver um tratamento da água adequado irão ocorrer efeitos semelhantes aos relacionados com as atividades recreativas. Os métodos de desinfeção habituais não degradam as microcistinas de forma suficiente, sendo que o cloro é consumido pela grande quantidade de material orgânico. 

 

Países menos desenvolvidos e zonas rurais onde as pessoas utilizam água sem tratamento ou quando este não é adequado são mais suscetíveis à contaminação. 

 

Com o tratamento inicial da água por oxidação (com cloro ou ozono), as microcistinas são libertadas das células, mas o processo pode não ser suficiente para oxidar as microcistinas livres na totalidade. Desta forma, a possível intoxicação por consumo de água é significativa sobretudo em locais em que o tratamento das águas não seja o mais adequado.

 

Sendo o máximo aconselhado diariamente de 1 µg/L de água ingerida.

 

Relatos de toxicidade por ingestão de água.

Exposição através de hemodiálise [2]

 

A exposição por hemodiálise, envolve grandes quantidades de água, mais concretamente 120L por tratamento, equivalente a uma dose intravenosa. Sendo assim de destacar a importância da qualidade das águas e também da fonte de abastecimento, que se não estiver em conformidade pode originar casos de toxicidade.

 

Relatos de toxicidade por hemodiálise. 

Exposição ocupacional [2]

 

Existem poucos estudos nesta área em particular. Devem ser avaliadas todas as situações que possam envolver ingestão de grandes quantidades de água. Situações como irrigação de produtos agrícolas ou aerossóis. No entanto os níveis exatos de exposição nestes casos são difíceis de prever, sobretudo em aerossóis.

Exposição através de suplementos alimentares contendo algas [2]

 

Certas regiões (México, Norte de África e China) utilizam bastante as algas para produção de suplementos alimentares e no início do século 20, estes suplementos representavam uma importante atividade económica, sendo estes exportados essencialmente para países industrializados. Estes suplementos são referidos como tendo benefícios para a saúde, destoxificantes, melhoram o humor e ajudam na perda de peso.

 

Um aspeto a realçar é que muitos são designados como sendo substitutos de outras terapias farmacológicas, nomeadamente em casos de hiperatividade. Desta forma, crianças podem ser sujeitas à ingestão de microcistinas.

 

Os representantes destes suplementos afirmam que o conteúdo em microcistinas não ultrapassa o permitido, no entanto estudos realizados comprovaram que existiam concentrações de 35 µg de Microcistina-LR (peso seco) em algumas amostras, embora nem em todas as marcas se verificasse e dependia muito de lote para lote. Esta situação torna complicado avaliar a exposição para o ser humano através destes componentes.

 

Enquanto que a água e a comida (nomeadamente peixe) potencialmente contaminados podem ser consumidos em conjunto, estes suplementos são tratados pela população como um medicamento tomado muitas vezes de estômago vazio o que pode potenciar a absorção das microcistinas no trato gastrointestinal. 

Exposição através de alimentos [2]

 

Depende muito de país para país, mais concretamente das condições de tratamento de águas, da irrigação nas práticas agrícolas e das condições climáticas.

 

As microcistinas acumulam-se em peixes, crustáceos e moluscos em concentrações máximas de 300µg/kg, 2700 µg/kg e 16 000 µg/kg respetivamente.

 

Foi reportada a existência de microcistinas em alface e feijão, provavelmente devido à contaminação das águas de rega ou meios de cultura.

 

Uma vez que não se consegue ter uma noção clara sobre a quantidade de cada alimento em específico (peixe, marisco…) que cada pessoa come diariamente, é difícil avaliar a exposição a estas toxinas por esta via em particular. 

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